03 – As Primeiras Comunidades

Os mais antigos vestígios da presença humana no vale do rio Vouga remontam ao chamado Paleolítico Inferior, isto é, a um período que deverá rondar os 250 / 300 mil anos. Estes vestígios consistem em utensílios feitos a partir de pedra lascada. Nesta época, os nossos antepassados, ainda muito diferentes do Homem atual (Homo sapiens sapiens), talhavam frequentemente seixos rolados de quartzito para fabricar ferramentas, que tinham funções muito diversificadas. Como ainda não praticavam a agricultura, é provável que estas ferramentas fossem usadas para desenterrar raízes ou tubérculos de plantas comestíveis e, sobretudo, para desmanchar animais já mortos para serem consumidos.

Num momento bastante mais recente, entre cerca de 14.000 e 10.000 anos (Paleolítico Superior), encontramos novos testemunhos da presença do Homem na região, desta vez atribuídos ao Homo sapiens sapiens. Aparentemente, as comunidades humanas desta fase terão frequentado, pelo menos, as zonas ribeirinhas. Aqui não só tinham acesso à água, como podiam pescar, caçar, recolher alimentos vegetais e obter diversas rochas e minerais para produzir utensílios. Por vezes, estas comunidades construíam cabanas e faziam lareiras nestes locais, onde tendiam a permanecer algum tempo. As cabanas e as lareiras, a par do vestuário feito a partir de peles de animais, terão sido fundamentais para a superação do intenso frio que se fazia sentir na época. A presença de vestígios do Paleolítico Superior ao longo dos vales sugere que o Homem os utilizava como “vias” de circulação, que permitiam ligar, por exemplo, os territórios do interior aos do litoral.

Há mais de 10.000 anos, o sítio do Rôdo foi frequentado por grupos humanos que viviam da caça, da pesca e da recoleção de plantas silvestres. As escavações arqueológicas realizadas no sítio do Rôdo permitiram identificar utensílios de pedra lascada e algumas lareiras, que terão servido para cozinhar ou aquecer o Homem. É muito provável que tenham sido também construídas cabanas, mas delas não há grandes evidências. Estes grupos humanos escolheram este local para permanecer algum tempo devido, possivelmente, à presença da água, à abundância de rochas e minerais para o fabrico de utensílios e à existência de recursos alimentares (mamíferos, peixe e produtos vegetais). 

Para saber mais: