15 – As Minas do Braçal
A segunda fase da exploração de Galena nas Minas do Braçal iniciou-se no segundo quartel do século XIX, através de uma concessão a José Bernardo Michelis, por portaria de 6 de agosto de 1836. Em 1840 esta licença passa para o alemão Diederich Mathias Fewerheerd, radicado na cidade do Porto, que impulsionou a exploração mineira através de técnicos e tecnologia alemã.
Em 1850 foi descoberta a mina da Malhada e logo de seguida em 1856 as minas do Coval da Mó. Pelo seu sucesso, o Governo concedeu a isenção de impostos durante 10 anos, por portaria de 30 de janeiro de 1854. As obras em 1851 já tinham mudado o curso do rio Mau e instalados três rodas hidráulicas e uma turbina que serviam para a extração de galena, sulfato de chumbo e pirite de ferro.
Em 1862 uma multidão, especialmente de Ribeira de Fráguas e de Silva Escura, entra pelas instalações mineiras destruindo-as, uma vez que o fumo das fornalhas das minas estava a prejudicar as suas vinhas causando grandes prejuízos à produção agrícola. O Governo sentiu-se na obrigação de indemnizar a empresa, autorizando a construção de uma linha férrea do sistema americano que ligasse as explorações do Braçal, Malhada e Coval da Mó, pelo Rio Mau até ao Vouga. A construção da linha teve início em 1864 e foram transportados por ela grandes quantidades de minério para dois barcos que a empresa possuía no Vouga tendo, cada um, a capacidade de transportar 10 toneladas. Daqui seguiam para Aveiro tendo como destino Inglaterra e Alemanha. Estes barcos traziam produtos e artigos para consumo e aplicação na exploração mineira, sendo transportadas em vagões para o Braçal puxados por duas ou mais juntas de bois.
Em 1863, a empresa mandou construir uma oficina de fundição no Braçal, na margem esquerda do Rio Mau, à qual deu o nome de D. Fernando, marido da Rainha D. Maria II, denominação que foi autorizada em 24 de maio de 1862. Esta oficina utilizou o mesmo modelo das fundições de Stolberg, na Prússia. Entretanto, Diederich Mathias Fewerheerd morre no Porto em 1874. Como grande e reconhecido empresário, foi condecorado pelo rei D. Pedro V com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo e agraciado pelo Rei D. Luís com a Comenda da Conceição. Morre no Porto em 1874. Como grande e reconhecido empresário, foi condecorado pelo rei D. Pedro V com o grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo e agraciado pelo Rei D. Luís com a Comenda da Conceição.
Depois da sua morte procede- -se à reestruturação da empresa constituindo- se uma sociedade com o nome de Administração das minas do Braçal. Dela faziam parte a viúva, D. Sofia Fewerheerd e outros herdeiros, mantendo- se a exploração até 1882. Os grandes melhoramentos realizados neste complexo, conduzirama Companhia a uma crise financeira, que ameaçava fechar, o que contribuiu param a constituição de uma nova Sociedade em 14 de janeiro de 1882, aprovada por alvará de 28 de junho do referido ano, com capitais luso-germânicos.
Estava criada a Companhia Mineira e Metalúrgica do Braçal. Foi nomeado seu administrador-delegado o Dr. António Lopes da Gama. Esta sociedade manteve-se até 1880 e faziam parte dela as três áreas de exploração – Braçal, Malhada e Coval da Mó – os escritórios, a oficina de fundição D. Fernando, a Serralharia, a Caldeiraria, a Fundição de Ferro e Bronze, a Carpintaria e um laboratório devidamente apetrechado para a avaliação da pureza dos metais extraídos e da sua composição.
Em 1904, as minas fecharam devido à falência do seu proprietário, voltando a ser reabertas anos mais tarde, tendo sido encerrada a exploração mineira em a 31 de Dezembro de 1958.
Para saber mais
Bibliografia
- Minas do Braçal e Malhada na WikiSever
- AAVV (2013) – . Sever do Vouga: Câmara Municipal
- Allam, J. L. (1965). A Mineração de Portugal na Antiguidade. Boletim de Minas. Lisboa. 2:3, pp. 137-173.
- Almeida, J. A. F. de (1953). Introdução ao estudo das lucernas romanas em Portugal. O Arqueólogo Português. Lisboa. Série 2, vol. 2, pp. 5-208.
- Martins, C. M. B. (2008). A exploração mineira romana e a metalurgia do ouro em Portugal. Braga: Universidade do Minho. Col. Cadernos de Arqueologia. Monografias, 14.
- Martins, C. M. B. (2011). A mineração do chumbo em época romana. O exemplo das minas de Braçal e Malhada (Aveiro), “O Arqueólogo Português”, série V, vol. 1: 489-504.
- Ramos, F. S. (1979/1980). A exploração de minérios no concelho de Sever do Vouga – uma indústria que foi florescente. “Aveiro e o seu distrito”, 26/28.
- Ramos, Fernando Soares (1998) – . Sever do Vouga: Câmara Municipal, pp. 429-444
Multimédia
- Histórias de um mineiro do Braçal, reportagem do programa “A nossa tarde”, da RTP.
- Há Mais Gente no Museu!: Minas, peça de teatro pelo Grupo Severi